SNP: rs56149945 (6195)
Nome em Inglês: Glucocorticoid Receptor ou Nuclear Receptor Subfamily 3 Group C Member 1
Nome em Português: Receptor de Glicocorticoides ou Receptor Nuclear Subfamília 3, Grupo C, Membro 1
Região genômica: exônico (missense, Asn363Ser [N363S]) no NR3C1
Referência de genoma: Ref = T (GRCh38)
Link NCBI/dbSNP: www.ncbi.nlm.nih.gov
Função
O gene NR3C1 codifica uma proteína essencial chamada receptor de glicocorticoides (GR), principal alvo do cortisol (hormônio produzido pelas glândulas adrenais) – que atua como um “interruptor” no nosso corpo para lidar com o estresse – e também de glicocorticoides sintéticos.
Este receptor determina a sensibilidade ao cortisol (simbolicamente é um porteiro que decide quanto de cortisol pode entrar nas células), influenciando o eixo HPA (hipotálamohipófise-adrenal), afetando inflamação, metabolismo de açúcares e gorduras, ritmo circadiano, humor e memória.
Em termos simples: quando enfrentamos o estresse (como uma notícia ruim), o NR3C1 ajuda o corpo a se adaptar, controlando a liberação de energia e reduzindo inflamações. Se ele não funciona bem (hiperexpresso), isso pode levar a uma resposta mais intensa e prolongada ao estresse, favorecendo aumento da glicemia, acúmulo de gordura abdominal, oscilações de humor, maior ansiedade, traumas e uma maior demanda de autorregulação metabólica e emocional.
Informação técnica: O polimorfismo rs6195 resulta na substituição Asn363Ser (N363S) no domínio N-terminal de transativação do GR e, em diversas coortes, foi associado a maior sensibilidade aos glicocorticoides.
Alelos
❗ Alelo referência:
T
❗ Alelo alternativo:
A
T>A / T>C
Análise do Resultado
Genótipo
Impacto Esperado
TT
Resposta equilibrada ao estresse
TA
Pode haver maior sensibilidade ao estresse, mas com potencial de modulação epigenética
AA
Resposta alterada ao cortisol; maior risco de disfunção do eixo HPA (Hipotálamo – Pituitária/Hipófise – Adrenal).
Forma Intermediária
Detalhando o impacto da forma intermediária (TA) do gene NR3C1, ela pode ter impacto, embora geralmente mais sutil do que a forma homozigótica (AA). A sensibilidade ao cortisol pode estar levemente alterada, com uma tendência a:
(1) Maior reatividade ao estresse emocional ou físico;
(2) Níveis de cortisol que demoram mais para retornar ao normal após estresse;
(3) Dificuldade moderada em “desligar” o estado de alerta após um evento estressante;
(4) Maior liberação de citocinas inflamatórias e respostas inflamatórias prolongadas, especialmente se houver outros fatores epigenéticos (trauma precoce, privação de sono, alimentação inflamatória);
(5) Maior sensibilidade emocional em contextos desafiadores. No entanto, não é um destino genético. O ambiente, as práticas de autocuidado e os vínculos afetuosos modulam profundamente a expressão deste gene.
O que fazer para melhorar a expressão do NR3C1?
1. Alimentos
Alimente seu DNA: veja como nutrir o gene NR3C1 com escolhas que favorecem sua expressão saudável.
✅ Frutas vermelhas (morango, mirtilo, açaí, framboesa, cereja) → ricas em polifenóis e vitamina C, protegem contra o estresse oxidativo e reduzem os danos celulares provocados pelo excesso de cortisol.
✅ Peixes selvagens ricos em ômega-3 (salmão, cavala, atum, sardinha) → fornecem EPA e DHA, essenciais para modular a resposta inflamatória e restaurar a fluidez da comunicação neuroendócrina.
✅ Alimentos ricos em magnésio (cacau, sementes de abóbora, amêndoas) → o magnésio atua como cofator em centenas de reações enzimáticas, ajudando a regular o estresse, a energia celular e o equilíbrio do cortisol.
✅ Vegetais crucíferos (brócolis, couve, couve-flor, agrião, rúcula) → contêm sulforafano e indóis, compostos que estimulam enzimas de detoxificação e favorecem a eliminação natural do excesso de cortisol.
✅ Chá verde (infusão das folhas da planta Camellia sinensis) → fonte de catequinas e L-teanina, promove resiliência ao estresse ao reduzir a inflamação e induzir um estado de calma atenta.
Evidências mostram que uma dieta industrializada pode alterar negativamente a expressão do gene NR3C1. Este efeito ocorre por meio de metilação no promotor do gene, prejudicando a regulação saudável do eixo do estresse (dos Santos Vieira T et al., 2024). Ou seja, o excesso de alimentos ultraprocessados pode literalmente “calar” a voz do gene que ajuda o corpo a equilibrar o cortisol.
Por outro lado, uma dieta saudável, especialmente aquela inspirada na tradição mediterrânea, é capaz de sustentar a expressão positiva do NR3C1.
Quando estamos cansados pelo estresse, a energia do corpo tende a “esfriar” e a digestão desacelera. Na perspectiva da Medicina Chinesa, é um quadro de deficiência de yang, que se beneficia de uma alimentação mais quente e apimentada: preparações cozidas, caldos e sopas, alimentos servidos quentes e bem temperados (gengibre, pimenta, cúrcuma, canela, cominho) ajudam a aquecer o organismo, estimular a circulação e a vitalidade. Já escolhas mais “yin” — como saladas cruas, comidas frias e bebidas geladas — podem acentuar a sensação de frio interno e de fadiga. Por isso, em períodos de cansaço por estresse, priorize pratos quentes e especiarias em dose moderada, com proteínas de fácil digestão, e reduza temporariamente itens crus e frios até recuperar o vigor (Lien Y-J et al., 2022).
Nota: Ajuste às tolerâncias individuais (ex.: evitar pimentas se houver gastrite/DRGE) e às necessidades clínicas específicas. Conteúdo educativo, não substitui avaliação profissional.
Dica de Crononutrição:
Evitar refeições muito pesadas tarde da noite; limitar cafeína após o início da tarde; manter janelas regulares de alimentação.
Dica para Estabilidade Glicêmica:
Priorizar proteínas magras e fibras em todas as refeições; reduzir ultra processados e açúcar livre.
Assim, ao invés de silenciar o gene, você o convida a cantar em harmonia. A nutrição torna-se charme e prazer: um gesto de beleza e longevidade consciente, transformando cada refeição em um ato de autocuidado vibracional.
2. Suplementos
Suplemente seu DNA: conheça os ativos que favorecem a expressão saudável do gene NR3C1.
✅ Adaptógenos (Ashwagandha, Holy Basil, Panax ginseng, Schisandra chinensis, Shatavari ou Asparagus racemosus, Rhodiola rosea) → moduladores do eixo HPA, favorecem resiliência ao estresse (Della Porta M et al., 2023). Adaptógenos devem ser prescritos por profissionais especializados. Embora sejam plantas tradicionais da Medicina Oriental (Eastern Medicine), podem ter efeitos colaterais e interações com medicamentos e não devem ser utilizadas sem orientação. Em algumas situações, até se recomenda o uso intercalado ou cíclico, ou seja, que não seja de uso contínuo. Informe-se antes de usar.
Curiosidade vibracional:
O ginseng vermelho é considerado na medicina oriental como a “raiz da vida”. Vermelho, enraizado e vital — ele carrega a energia de força com suavidade, algo que ressoa com a ideia de manter-se firme diante das pressões, sem quebrar . Ele ajuda a reduzir a “rigidez” da resposta ao cortisol, melhorando a plasticidade epigenética do NR3C1 (um dos genes que mais sofre metilação em quadros de estresse crônico).(Dormal V et al., 2025).
✅ Ácido alfa-lipóico ou R-alfa-lipoico → protege contra resistência ao cortisol e melhora a função mitocondrial (Abu-Zaid A et al., 2024).
✅ Extrato de açafrão (Crocus sativus) → auxilia na modulação do humor e na redução de sintomas de estresse e ansiedade (Dormal V et al., 2023).
✅ Fosfatidilserina → reduz o excesso de cortisol em situações de estresse crônico (Chen J et al., 2023).
✅ L-teanina → promove relaxamento sem sedação, equilibrando resposta ao estresse (Moulin M et al., 2024).
✅ Ácido pantotênico (vitamina B5; também administrado como pantotenato de cálcio) → participa da produção de coenzima A, fundamental para síntese de hormônios adrenais (Barron K, 2023).
✅ Vitamina B6 (como vitamina B6 ou sua forma ativa, piridoxal-5-fosfato ou P5P) → cofator para neurotransmissores relacionados ao humor e regulação do estresse (Durrani D et al., 2025).
✅ Vitamina C → cofator essencial na síntese equilibrada de cortisol, protege contra as espécies reativas de oxigênio (Beglaryan N et al., 2024).
✅ Polifenois → grupo de várias substâncias/ativos, entre eles resveratrol, curcumina, quercetina, luteolina, fisetina e baicalina que, devido às propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, atenuam a hiperreatividade do eixo HPA e/ou modulam as chaperonas e vias que impactam a função do GR (Donoso F et al, 2019; Wang P et al., 2021; Wang X et al, 2022).
Uma interessante proposta é o uso injetável de nanomicelas destes polifenois.
✅ Probióticos e prebióticos → o eixo microbiota–intestino–cérebro influencia cortisol e expressão de genes do estresse em PBMCs; cepas específicas podem reduzir reatividade ao estresse.
Esses recursos oferecem uma base sólida para restaurar o equilíbrio interno. No entanto, o verdadeiro eixo de equilíbrio está na repetição do cuidado. O corpo e a alma se nutrem tanto de substâncias quanto de gestos simples e conscientes, como acender uma vela, tomar um chá, escrever uma frase de gratidão ou respirar fundo ao acordar. Repetir um pequeno ritual é como ensinar ao corpo que ele pode confiar — e, nessa confiança, o organismo se sente protegido.
Mais do que ferramentas bioquímicas, são os pequenos lembretes diários de cuidado que transformam a resposta ao estresse em resiliência duradoura.
Concluindo:
Equilibrar o estresse é um caminho que une nutrientes e adaptógenos com gestos cotidianos de atenção plena. O corpo pede suporte bioquímico, mas a alma floresce quando o cuidado se repete em rituais simples. É nesse lembrar acolhedor que nasce a verdadeira resiliência: uma rotina que enleva o espírito e ensina o corpo a descansar em confiança.”
3. Estilo de Vida
Aprimore seu estilo de vida: veja como favorecer a expressão saudável do gene NR3C1
Pessoas com o perfil genético alterado do NR3C1 podem se beneficiar de um suporte mais atento por meio da alimentação, da respiração, do descanso e de vínculos que favorecem a segurança interna, de modo que o corpo não precise viver em estado de alerta constante.
✅ Meditação e respiração lenta → reduzem hipersensibilidade do receptor (Rogerson O et al., 2024; Vargas-Uricoechea H, et al., 2024)
✅ Exposição matinal à luz solar → regula ritmo circadiano do cortisol (Archer SN, Oster H, 2022).
✅ Sono profundo e regular → mantém receptores responsivos (Dallmann R, et al., 2024).
✅ Contato com a natureza → comprovadamente reduz ativação crônica do eixo HPA (Antonelli M et al., 2024).
✅ “Rituais de encerramento” – criar práticas simbólicas (banho, fogo, escrita) para sinalizar ao corpo que o estresse foi reduzido, controlado (Sonnentag S, 2024).
Em conjunto, essas práticas formam um ciclo: o silêncio da meditação, a luz do sol, a noite restauradora, o verde da natureza e o gesto simbólico do ritual. Cada uma reforça a outra, tecendo uma rede de segurança onde o receptor de glicocorticoides encontra harmonia para regular a resposta ao estresse.
Curiosidades
✅ Conexão GeneFood x NR3C1
O Projeto GeneFood propõe escolhas de maior fluidez e menor resistência. Esse caminho reduz o estresse e a sobrecarga do eixo HPA e da sinalização do receptor de glicocorticoides (NR3C1), favorecendo recuperação e clareza. Chamamos isso de coerência — um estado em que corpo, mente e hábitos se alinham para viver a sua melhor versão.
✅ Como o Estresse Pode “Silenciar” o NR3C1, o Guardião do Eixo do Estresse
Estudos revelaram que crianças expostas a estresse precoce (trauma, negligência) podem apresentar metilação no NR3C1, alterando por anos a sensibilidade ao cortisol. Também mulheres expostas à violência doméstica apresentaram maior metilação (silenciamento epigenético) no promotor do gene NR3C1, interferindo na ativação do receptor de glicocorticoides. Essa alteração epigenética se correlacionou com sintomas elevados de ansiedade, sugerindo que vivências dolorosas podem deixar marcas na expressão deste gene. Em outras palavras, a metilação nesse promotor reduz a sensibilidade do NR3C1 ao cortisol, prejudicando a resposta ao estresse. O corpo esquece como “desligar o alarme” (Wadji DL et al., 2023).
Por que isso importa? Porque o NR3C1 funciona como um termostato do cortisol. Quando está metilado, não regula bem o eixo HPA e o organismo pode permanecer em estado de alerta. Essas mudanças podem ser passadas adiante, especialmente se ocorrerem durante fases críticas da vida. A boa notícia? O cuidado constante com um estilo de vida adequado pode “desmetilar” esse gene, promovendo resiliência.
“O corpo guarda os ecos do medo — e o gene NR3C1, em sua forma metilada, ecoa o trauma. Contudo cada gesto de cura (respirar, dormir, conexão com a luz) favorece a retomada ao centro, ao equilíbrio, ao bem-estar.”
✅ GeneFood Connected Universe
Alguns genes relacionados ao NR3C1:
FKBP5 (cochaperona que modula sensibilidade ao GC; leia abaixo sobre chaperonas e cochaperonas)
HSD11B1 (ativa cortisol a partir de cortisona)
HSD11B2 (inativa cortisol; protege MR)
CRH (hipotálamo; eixo HPA)
POMC (precursor de ACTH; hipófise)
NR3C2 (receptor mineralocorticoide (MR); contraponto)
ABCB1/P-gp (transporte de esteroides/fármacos)
NFKB1 (interação cruzada inflamação–glicocorticoides)
Informações complementares para profissionais da Saúde:
Cochaperona” é, de forma simples, uma proteína acessória que regula o trabalho das chaperonas moleculares (principalmente HSP90 e HSP70). Enquanto as chaperonas fazem o “serviço pesado” de dobrar, montar, estabilizar e transportar proteínas, as cochaperonas ajustam a eficiência, o tempo, a seleção de clientes e a atividade enzimática dessas chaperonas. Pense nelas como reguladores finos e interruptores que ligam, freiam ou redirecionam a ação das chaperonas.
Definição curta
- Cochaperona: proteína que se associa a chaperonas (como HSP90/HSP70) para modular:
- Qual cliente será atendido (seleção)
- Em que etapa do ciclo (entrada/saída do cliente)
- A velocidade da ATPase (energia para o ciclo)
- A conformação final do cliente (afinidade por ligante, estabilidade, atividade)
No contexto NR3C1
O GR precisa de um “ciclo de maturação” para ficar apto a ligar cortisol/dexametasona e ir ao núcleo. Esse ciclo é dirigido por HSP70 e HSP90, com ajuda de várias cochaperonas que definem sensibilidade ao hormônio:
- Montagem inicial
- HSP70 começa a preparar o GR recém-sintetizado.
- HOP/STIP1 (uma cochaperona) faz a “ponte” de transferência do GR da HSP70 para a HSP90.
- Complexo de alta afinidade
- HSP90, com p23 (cochaperona), estabiliza o GR numa conformação de alta afinidade para o hormônio.
- Aqui entra o “freio” ou “acelerador”:
- FKBP5 (cochaperona, também chamada de imunofilina): atua como freio. Mantém o complexo em um estado de menor sensibilidade, reduz a afinidade funcional do GR e retarda a translocação nuclear.
- FKBP4, também conhecida como FKBP52 (cochaperona “aceleradora”): favorece a translocação nuclear do GR hormônio-ligado, em parte via interação com o motor de dineína.
- Ativação e translocação
- Após o cortisol ou a dexametasona se ligar ao GR, há um “switch” típico: FKBP5 tende a ceder lugar para FKBP4, o que facilita o transporte do receptor para o núcleo e a ativação gênica.
- Desmontagem e reciclagem
- BAG1 (cochaperona e fator de troca de nucleotídeo para HSP70) ajuda a liberar o GR para novo ciclo ou degradação, controlando o término do processo.
Resumo funcional:
- FKBP5 = freio (diminui sensibilidade ao GC)
- FKBP4/FKBP52 = acelerador (aumenta translocação nuclear do GR)
- p23 = estabiliza o complexo HSP90–GR em alta afinidade
- HOP/STIP1 = coordena a passagem HSP70→HSP90
- BAG1 = favorece a liberação/reciclagem do cliente
Por que isso importa clinicamente e na interpretação genética?
- Sensibilidade aos glicocorticoides: níveis e variantes em cochaperonas modulam resposta a estresse e a corticoides terapêuticos. Ex.: maior expressão de FKBP5 costuma reduzir a sensibilidade do GR.
- FKBP5 rs1360780: variante associada, em alguns estudos, a alterações da resposta ao estresse, risco psiquiátrico e diferenças de resposta a glicocorticoides, possivelmente via regulação de expressão e metilação do gene.
- Interações farmacológicas: inibidores de HSP90 reduzem a sinalização do GR; contextos oncológicos e inflamatórios podem ser impactados por esse eixo de chaperonas–cochaperonas.
Exemplos de cochaperonas relevantes no eixo GR
- FKBP5 e FKBP4/FKBP52: modulam sensibilidade e translocação nuclear do GR. FKPB5 é o “freio” e o FKBP4 é o acelerador.
- p23: estabiliza o complexo de alta afinidade da HSP90.
- HOP/STIP1: organiza o fluxo HSP70→HSP90.
- BAG1: encerra o ciclo favorecendo liberação do GR.
- Outras imunofilinas: PPID (cyclophilin 40) também pode participar da regulação.
- DNAJ/HSP40: coativam HSP70, influenciando etapas iniciais de maturação.
Aviso: As informações a seguir têm finalidade educacional e não substituem avaliação clínica individualizada. Para decisões médicas específicas, procure um profissional habilitado.